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Cada dia a mais, é um dia a menos!!! (Terceira parte)

(O episódio da mulher congolesa, agricultora familiar)

Cada dia a mais, é um dia a menos!!!

 

O episódio da mulher congolesa, agricultora familiar. (Terceira parte)

 

Lembro-lhes de que encerramos o segundo post, assim:
Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época”. (Paulo Freire). 

Em novembro/dezembro de 2013, eu estava na República Democrática do Congo (RDC), em visita de avaliações técnicas dos nossos projetos de parceria participativa em franco desenvolvimento. 

Isso só foi possível, graças ao apoio da Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (ABC/MRE), da qual somos parceiros em projetos de Agroecologia (Tecnologias Socioambientais Sustentáveis da Agroecologia), até os dias atuais. Imensa gratidão à ABC/MRE!! 

Lembro-me de que era uma sexta-feira, bem à tardinha, eu estava encerrando a última visita da semana, em uma comunidade distante da capital Kinshasa. 

Confesso que estava muito ansioso para retornar a Kinshasa, e descansar no fim de semana todinho, pois estava “mortinho de cansaço”. 

A semana tinha sido muito intensa, de sol-a-sol, com várias visitas presenciais no entorno rural da capital, além das visitas nas instituições parceiras na própria capital. 

Nós, brasileiros, temos o hábito de reclamar (com razão) de nossas estradas, mas lá, por onde passei, é um desafio para manter-se os ossos do esqueleto posicionados e inteiros. Sacode e pula, pula e sacode, direto e reto, sem parar!!! Meu Deus…!!!! 

Mas estava muito feliz com o que estava vendo de resultados práticos do projeto. Mais feliz ainda com a receptividade e recepção dos agricultores familiares congoleses visitados e avaliados.

Que povo maravilhoso!! Que gente simpática e educada. Gratidão, povo da RDC e à comissão que me recepcionou. 

Aproveitem para conhecer um pouquinho do trabalho de parceria participativo:
“Conhecimento compartilhado. Comunidade africana encontra solução contra pragas por meio da Agroecologia”
http://www.ufla.br/dcom/2016/08/12/conhecimento-compartilhado-comunidade-africana-encontra-solucao-para-praga-por-meio-da-agroecologia/ 

Mas naquela tarde de sexta-feira, eu estava mesmo era “mortinho de cansaço” e quando entrei na van para iniciar o retorno à capital, achei que eu ia desmaiar. Simplesmente desabei no banco do veículo.

Tinha a sensação de que todos os meus ossos tinham se deslocado da posição original e que minha musculatura tinha se esfarinhado. 

Porém, repito, eu estava muito feliz. O projeto era um retumbante sucesso no apoio aos programas locais de segurança alimentar e nutricional, em conexões funcionais com a agricultura familiar, via Agroecologia, também proposto por nós, através da extensão universitária inovadora. 

Conheçam a proposta:
“Proposta de paz para todas as regiões do planeta, e pela produção de alimentos básicos e fundamentais para todas as populações”.
https://ciencia.ufla.br/todas-opiniao/866-proposta-de-paz-para-todas-as-regioes-do-planeta-pela-producao-de-alimentos-basicos-e-fundamentais-para-todas-as-populacoes 

Mas, mesmo dentro da van e muito cansado, comecei a ouvir uns gritos femininos bem estridentes, que pareciam vir de um local que eu não conseguia divisar de onde estava. 

Sim, uma mulher gritava desesperadamente, insistentemente, continuamente, sem trégua. Todavia, eu não entendia nada, pois ela gritava alto e em bom som, porém, em idioma nativo local (lingala). 

Na RDC, o idioma oficial é o francês, e os idiomas nativos vernaculares africanos mais usados são: swahili, lingala, kikongo e kiswahili. Todos, também, oficialmente reconhecidos.O inglês é o idioma alternativo ao francês. 

Aproveitem para conhecer:
“Projeto Vozes da África” lança informativos técnicos extensionistas em idiomas vernaculares africanos (swahili, lingala, kikongo e Kiswahili), acompanhados de versões em português, inglês e francês). Publicações estão disponibilizadas no Repositório Institucional da Biblioteca/UFLA”
https://ufla.br/noticias/internacionalizacao/13927-vozes-da-africa-lanca-informativos-em-idiomas-africanos-publicacoes-estao-disponiveis-no-repositorio-ufla 

Perguntei em inglês ao motorista, se sabia o que estava acontecendo.
Ele, também muito assustado, disse que não tinha a menor ideia!!
Solicitei que ele fosse verificar, pois a gritaria parecia vir das proximidades, embora não divisássemos quem gritava tanto. 

Ele desceu da van, caminhou por uma trilha de pedestres em frente, em meio a vegetação local até desaparecer na primeira curva, uns cem metros adiante. Voltou ligeirinho, e seguido por alguns membros da delegação congolesa que me acompanhavam nas visitas. Todos demonstravam ansiedade!! 

Então, aflito, perguntei: Que foi que aconteceu??!! Quem está gritando??!! É uma mulher mesmo??!! Por que está gritando tão desesperadamente??!!

Resposta: Professor!! professor!!, aconteceu uma coisa incrível! A mulher está gritando desesperadamente para chamar a sua atenção!! 

A minha atenção??!!…Mas como??!!…Por quê??!!.. Quem é ela??!!…
Como ela sabe que eu estou aqui??!!

Afinal, o que está acontecendo aqui e agora??!! Digam-me!!…
Digam-me!!…Quero saber!!…Quero saber!!…
 

Continuaremos no próximo post. 

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