Cada dia imaginário a mais é um dia real a menos….!!!!
(Primeira parte)
Cada dia imaginário a mais é um dia real a menos….!!!!
(Primeira parte)
E tentam através de uma aventura perigosíssima, que é aquela oportunidade de lotar barcos comuns, e se aventurarem no oceano, quase que aleatoriamente, e sem rumo, abandonando-se voluntariamente à própria sorte.
Sabe-se que já são milhares de homens e mulheres, jovens, idosos e também muitas crianças, que morreram afogados, em dramáticas tragédias de soçobramentos.
Embora todos saibam dos perigos no mar, mesmo assim, o número de tentativas de imigração clandestina desesperada, está crescendo em escala sempre progressiva. Só aumenta, e aumenta, e aumenta…!!!
Somam-se ainda a estas tragédias marítimas, as tentativas de imigração por terra, que também fazem muitas vítimas inocentes, e também apresentam escalas progressivas crescentes.
?Mas por que tantas pessoas querem abandonar seus países, suas comunidades, suas propriedades, seus pertences, até mesmo suas famílias, enfim, suas histórias de vida, suas próprias raízes para se aventurarem tão perigosamente, sem nenhuma certeza de sucesso?
?Por que desejar tão desesperadamente, arriscando as próprias vidas, para chegar em algum lugar totalmente desconhecido, onde nunca estiveram e muito menos sabem o que o vão encontrar? Sequer sabem se vão encontrar…!!!
Resposta: fome, miséria, pobreza, violência, exploração, escravidão, enfim, desalento e desesperança. A desgraça cotidiana os impulsiona para o desconhecido. Ficar aqui fazendo o quê?
Um parceiro de um projeto humanitário que tenho na África, contou-me que ao visitar uma comunidade nativa, bem no interior de um grande país centro africano, muito conhecido pelas suas pujantes riquezas naturais, e também pelos intermináveis e cruéis conflitos armados, pela posse destas riquezas (declino o nome para evitar-se retaliações).
Este parceiro, viu um menino local, de aproximadamente 10 anos de idade, completamente parado, estático, sentado em uma pedra próxima à sua tapera, com olhar perdido no vazio.
Querendo ser agradável, querendo fazer amizade, perguntou em shwahilli:
-?Ôoo… menino, o que você quer ser quando crescer??!!
E ficou estupefato quando ouviu a resposta?
-Não quero ser nada, estou apenas esperando a morte….
Pasmem, prezad@s leitor@s, uma criança de apenas 10 anos declarando alto e bem audível:
–Não quero ser nada, estou apenas esperando a morte!!!
Eu mesmo, neste mesmo país, ao visitar uma outra comunidade nativa, vi muitas crianças sentadas ao sol, também absolutamente paradas e em absoluto silêncio, também olhando para o vazio.
Então, perguntei ao meu cicerone:
?Por que as crianças estão tão quietas, tão em silêncio? Elas não brincam?
E ouvi: -Não brincam porque não sabem brincar. Nem vontade de brincar eles têm!! A vida delas é muito difícil. A fome, miséria e a violência são tormentos diários para eles.
Não me conformei, saí do veículo, e com os olhos marejados, e num gesto meio maluco, abri os braços com o sentido de dizer:
-Venham aqui bem perto de mim!!
Incrível, ninguém disse uma única palavra, mesmo em swahilli, mas as crianças entenderam meu gesto e “voaram” para me abraçar.
Sentei-me no chão batido, e as crianças quase que me escalaram. Uns agarravam meu pescoço e cintura, outros meus braços, outros minha pernas. Que momento inesquecível, meu Deus!!
Em seguida pedi para o intérprete informá-los de que eu iria ensinar-lhes uma brincadeira bem brasileirinha.
Risquei uma “amarelinha” no chão, joguei a primeira pedrinha na casa 01 e dei os pulinhos subsequentes.
Mudei um pouquinho as regras. Sucesso total. Organizei a fila para todos jogarem e pularem, e não tive nenhum problema de disciplina ou fura-filas. Magnífico!!
Os que erravam casas ou pulinhos, eu não os desclassificava, mas mandava para o fim da fila. E repetiam até acertar.
O alarido era inconfundível. Criançada brincando. Alegria, alegria!!
Conclusão: Todos foram vencedores. Nenhum perdedor!!
Nunca mais voltei lá, mas meu coração nunca mais se esqueceu desta experiência vivenciada, embora não me lembre mais do local exato onde tudo isso ocorreu.
Afinal, já faz muito tempo, e foram muitas andanças pelo interior do país, porém, caso eu me lembre, também não revelarei, para evitar decodificações errôneas.
Na África, em áreas de conflitos armados sistemáticos e cruéis, os revides e as vinganças são gratuitos, mesmo através dos tempos.
Mas, anteriormente, eu tinha feito as seguintes perguntas:
?Ficar aqui fazendo o quê? ?Afinal é melhor morrer tentando viver, ou viver esperando morrer?
?Por que desejar tão desesperadamente, arriscando as próprias vidas, chegar em algum lugar totalmente desconhecido, onde nunca estiveram e muito menos sabem o que o vão encontrar? Sequer sabem se vão encontrar…!!!
Minha resposta:
-A desgraça cotidiana os impulsiona para o desconhecido!!!
Ou seja, a fome, a miséria, a pobreza, a violência, a exploração, a escravidão, as secas constantes, enfim, o desalento e desesperança, são na verdade, combustíveis maquiavélicos, que os impulsiona para o desconhecido!!!
?Ficar aqui fazendo o quê? ?Afinal é melhor morrer tentando viver, ou viver esperando morrer? O que você faria? Pense em sua família!!
O que eu fiz?
https://ciencia.ufla.br/todas-opiniao/866-proposta-de-paz-para-todas-as-regioes-do-planeta-pela-producao-de-alimentos-basicos-e-fundamentais-para-todas-as-populacoes
E para encerrar este primeiro post, deixo para meditação e preparação para o post seguinte, a visão socioambiental de Fernando Pessoa:
“Digo-vos: praticai o bem. Por quê?? O que ganhais com isso??
Nada!!! não ganhais nada!!! Nem dinheiro, nem amor, nem respeito, nem talvez paz de espírito. Talvez não ganheis nada disso!!!
Então por que vos digo: Praticai o bem??
Porque não ganhais nada com isso!!!
Vale a pena praticá-lo por isto mesmo!!!”
Continuaremos no próximo post.
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