É no Laboratório de Análises Clínicas que o Orgulho e todas as Vaidades Humanas são Confrontados
Antes de iniciar esta crônica, quero expressar minha profunda admiração a todos os profissionais dos laboratórios de análises clínicas, porque realizam um trabalho especializado da mais alta importância para a preservação e conservação da saúde humana. Graças a eles, muitas vidas são salvas, e reitero meu enorme respeito, sincera admiração e imensa gratidão a todos.
Este trabalho tem a finalidade de apenas ironizar as misérias humanas e jamais ofender, denegrir ou menosprezar o magnífico labor dos profissionais dos laboratórios, que tão dignamente estão preparados cientificamente para realizar esta importante área de apoio aos diagnósticos médicos.
Respeito, admiração e gratidão a todos vocês.
Sim!!! Isso mesmo!! Cheque-mate múltiplo e mortal para: orgulho e vaidades, extensivo a todas as derivações correlatas, identificadas por: prepotência, arrogância, soberba, empáfia, insolência, altivez, desdém, vanglória, ufania, jactância, inanidade, ostentação, alarde, absolutismo, despotismo, autoritarismo, sobrançaria, presunção, petulância, descaramento, descaso, inconveniência, ou simplesmente, metidez de narizinho empinado….!!!!
Acontece que, sempre que vou ao Laboratório de Análises Clínicas para entregar o meu material a ser analisado, a saber, fezes e urina, vejo, logo cedo, uma fila de pessoas que pretendem fazer o mesmo, ou seja, entregar também, os próprios xixis e cocôs para serem analisados cientificamente, a pedido de seus respectivos médicos.
Na verdade, não importam as nomenclaturas, porque todas são para designar as mesmas coisas, ou seja, os normais dejetos humanos diários: fezes e urina, conhecidos popularmente como cocô e xixi, ou grosseiramente designados como mijo, bosta ou merda.
A novidade é que, lá na fila, os dois produtos excretados, estão muito bem embaladinhos em recipientes próprios, discretamente e bem acomodadas nas mãos, braços e colos, como se fossem mimos para presente. Percebe-se até que, quem está com vergonha e não quer deixar-se notar (como se isso fosse possível numa fila de laboratório) que está carregando mijo e bosta, dá um jeitinho de disfarçar com saquinhos plásticos, bolsas e o próprio bolso, e fica olhando para baixo, tentando inutilmente não ser reconhecido. Orgulho!! Vaidade!!
Lá, na fila, podem-se encontrar: homens, mulheres, jovens, velhos ricos, pobres, brancos, pretos, mulatos, amarelos, vermelhos, casados, solteiros, divorciados, amigados, heterossexuais, homossexuais, assexuais, patrões, empregados, professores, alunos, chefes, subordinados, religiosos, brasileiros, estrangeiros, sacerdotes, cristãos, muçulmanos, budistas, agnósticos, ateus. Enfim, toda a representação humana.
É nessa fila, que, todos têm algo em comum, a saber, carregam cuidadosamente, um frasquinho com mijo e uma vasilhinha com bosta.
Este é o corolário de uma sequência de procedimentos manuais que, certamente, nos colocam em pé de igualdade humana, dobrando ao reles solo, qualquer orgulho e qualquer vaidade, bem como, dobrando também, todos os seus derivativos, acima nomeados.
Como engenheiro, não posso deixar de imaginar como teria sido a coleta do material excretado, nos respectivos banheiros das casas, e também como professor humanista, o quanto esta ação solitária, iniciaria uma sequência de confrontos e questionamentos de todo orgulho e de todas as vaidades humanas, bem como de todas as suas derivações.
Coletar urina, até que é fácil! A instrução de dispensar o primeiro jato, talvez possa trazer alguma dificuldade. Mas, o importante é que, neste ato, começam-se as lições de humildade para todo mundo, porque é o prenúncio da coleta manual de fezes, que virá logo em seguida.
Penso que, esse ato seguinte, é o grande “pé na bunda” do orgulho, e das vaidades humanas. Vejamos o porquê.
Todos têm que evacuar a matéria fecal fora do vaso sanitário. Lá no pocinho cheio de água, não dá para se coletar, né??!!
E como evacuar matéria fecal são palavras bonitinhas, educadinhas, então, na verdade, caga-se fora do vaso, para poder coletar-se bosta com as próprias mãos, logo em seguida. (A pazinha é tão pequenininha, né?! O palitinho também!!).
Não há jeito, é nessa hora que todo mundo, inclusive os orgulhosos e vaidosos, têm que cagar fora da privada. No chão? Na tampa? No bidê? Numa bacia? Prato? Pires? No lavatório? Enfim…forrrrrça!!!
Afinal, onde você cagou, seu (sua) metidinho (metidinha) de nariz empinado??!! Conte-nos, se nessa hora, sua arrogância também fedeu!!
Ao virar-se para o monte de bosta disponibilizado quentinho, o cheiro e o aspecto da merda, normalmente causam nojo. Dizem que alguns chegam a vomitar!!! É metidão (metidona), mas isso saiu de dentro de você!! Assim é para ricos e pobres, famosos e desconhecidos!!
Dobrar-se diante e sobre o seu próprio monte de bosta, com uma diminuta pazinha nas mãos, e colocá-lo parcimoniosamente no vasilhame apropriado, dispensando-se os extremos e coletando-se apenas a parte média do troço, é uma magnífica lição de humildade, não é mesmo??!! Mas, para os orgulhosos e vaidosos, é uma inevitável imposição de humildade, chamado popularmente de “pé no saco” ou “chute na bunda“.
Tomara que você tenha sujado os seus bem tratados dedinhos, também!! Assim, a lição se completará com chave de ouro, ou de merda!!!
Mijou no vidrinho, encheu a latinha de bosta, agora siga para a fila do laboratório e lembre-se de que todo mundo teve que fazer o mesmo.
Na fila, todos são iguais perante o que carregam, inclusive você!!
Na verdade, toda vez que conheço pessoas muito arrogantes, prepotentes, entupidas de soberba, orgulho e vaidades. Pessoas que olham os outros de cima para baixo, porque o nariz é empinado de tanta metidez. Pessoas que se acham muito superiores às demais. Pessoas que menosprezam e humilham os semelhantes. Pessoas que se acham deuses perfeitos do olimpo e portanto estão acima de tudo e de todos.
Ah!! É nessa hora que desejo ardentemente que elas tenham necessidade de procederem a exames de fezes e urina. Seria maravilhoso encontrá-las na fila do laboratório de análises clínicas, segurando as suas duas respectivas vazilhinhas de dejetos excretados; especialmente os racistas, adeptos da supremacia branca e nazi-facistas.
Não desejo nenhum mal para alguém e tomara que todos tenham muita saúde, muita mesmo!! porém. Tomara que o que escrevi faça lembrarem-se de que não somos nada nesta vida, e que o orgulho e as vaidades são misérias humanas que valem muito menos que o xixi e o cocô excretados.
Quando a gente se encontrar na próxima fila do Laboratório de Análises Clínicas, vamos nos lembrar de que estamos em pé de igualdade, perante a vida. Antes, durante e depois dos exames, somos apenas seres humanos e não deuses onipotentes oriundos dos olimpos celestiais.
E quem não gostou do meu dialeto extensionista inovador, popularmente conhecido por linguajar, lembro o mestre Paulo Freire:
“Mudar a linguagem faz parte do processo de mudar o mundo” Paulo Freire.