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Passarinho Azul Semeador

Homenagem à Nossa Horta e à sua Biodiversidade

Foi assim, pensando borbulhantemente, que escrevi esta crônica sobre a horta/escola para crianças carentes, que estávamos construindo voluntária e participativamente com a “ONG – Engenheiros Sem Fronteiras-Núcleo Lavras (ESF/NL)”. Mas, autoridade provinciana mandou desativá-la para utilizar o local com outra finalidade.
Porém, agora, não interessa quando foi, ou qual era a escola e muito menos quem era a autoridade. Mas, importa que escrevi assim:.

Prezad@s tod@s voluntários sem fronteiras;
Hoje cedo, estivemos na nossa querida horta/escola e retiramos todas as nossas ferramentas, bem como, todo o nosso material didático de caráter socioambientalmente sustentável, educativo e culturalmente adequado.

Ao despedir-me do limoeiro, das couves, alfaces, cenouras, aboboreiras e demais hortaliças que semeamos com tanto amor, e que estávamos cuidando participativamente com as crianças da comunidade, percebi a tristeza das plantinhas; e elas pediram-me para agradecer a cada mãozinha abençoada que delas cuidou. Sim!! foi um trabalho conjunto de muitas mãos.
As couves, lindíssimas!! pela coloração super saudável em pleno leito natural, também identificado como Canteiros de Compostagem, abriram suas magníficas folhas verde-escuras, enviando-me um abraço comovido de despedida e adeus.
Como estavam livres das pragas e doenças, após a unção abençoada do Biofertilizante, puderam testemunhar também, o quanto a Agroecologia é boa para as pessoas, para o meio ambiente e para toda a biodiversidade.
As alfaces, em franco crescimento, deixaram bem verde clara, a alegria de estarem livres dos venenos disfarçados sorrateiramente de agroquímicos e também agradeceram, com lágrimas nas folhas.
As cenouras, bebezinhas ainda, brincavam na chuva e ao sabor da brisa refrescante, e nem perceberam o momento grave que vivenciávamos. Preferi não falar nada. Também, que santa inocência!!.

E as aboboreiras, hem?! Pediram para serem chamadas de abobreiras. Uma delas, com três risonhas flores abertas, recepcionava fraternalmente um ágil beija-flor e algumas abelhas melíferas. Em sinal de respeito, não cheguei perto, mesmo porque, não aguentaria me despedir, sabendo que me daria suas flores, arrancando-as de seu próprio ser, talvez querendo perpetuar a amizade fraterna. Não quero mais sacrifícios!!! Já chega o abandono a que foram condenadas a partir de então.
Ah!! e o velho limoeiro??!! Valente, heroico, vencedor de tantas lutas e jornadas agronômicas pela sobrevivência.
Havia dito-me que com os jovens voluntários do ESF/NL, encontrara novamente a alegria de viver, apesar da idade. Disse-me que nunca fora tão generosamente acariciado quanto agora, pelos cuidados participativos desta geração socioambiental em ascensão (felizmente!!).
Certamente, resistirá mais um tempo, até que o solo, a água e o ar, cheios de agrotóxicos, abatam-no covardemente. Todavia, o espírito ambientalmente correto de um guerreiro combativo como este icônico limoeiro, permanecerá em todos nós, para sempre.
Mas antes de tombar, lutará bravamente!!! Portanto, boa sorte estimado, limoeiro, obrigado pelas lições de persistência, amor à vida saudável e à sustentabilidade!!
Agora, quero dirigir-me aos encantadores seres naturais residentes na horta, e que povoam aquele diminuto espaço livre da escola: pássaros, joaninhas, formigas, grilos, borboletas, formando consórcios naturais equilibrados com a microbiologia do solo.
Porém, antes, peço uma licença especial a toda biodiversidade citada, para dirigir-me particularmente às lindas joaninhas residentes, no sentido de agradecer-lhes a alegria provocada nas crianças do projeto, quando tiveram aulas de Biopesticidas e Controle Biológico.
Nossa ideia era conviver com toda essa biodiversidade por muito mais tempo e de maneira economicamente viável, ecologicamente correta, socialmente justa, culturalmente adequada, tecnologicamente apropriada e cientificamente comprovada, como no Jardim do Eden original, mas…os interesses desenvolvimentistas superaram os interesses ambientalistas. Fomos, então,
arrancados educadamente (todavia não derrotados) do local. Resta dizer-lhes -Criaturinhas, cuidem-se bem, hem?! Adeus!!! Cuidado com o desenvolvimentismo e com os desenvolvimentistas, estes arautos da desgraça ambiental, disfarçados de santíssimos cavaleiros da prosperidade econômica, e que dizem que vão gerar riquezas para o povo.
Informo-lhes que, hoje, estas riquezas estão estimadas em 6 litros de veneno por ano para cada um de nós brasileiros, além de nossos biomas estarem sendo derrubados, queimados, destruídos, destroçados, poluídos, envenenados, emporcalhados. Viva!! viva o desenvolvimentismo, que eu classifico como delinquência socioambiental.
Gostaria de aproveitar a oportunidade, para sugerir aos patriotas desenvolvimentistas que, no próximo almoço, comam um bom prato de soja, acompanhado de salada de folhas de eucalipto. Se a soja não descer goela abaixo, pode substituir por farelo, ou mesmo a torta de soja. Refresque este almoço, tomando um copo de água mineral Tietepinheiros, ou mesmo a água de qualquer outro rio brasileiro, já que todos estão com agroquímicos comprovadamente diluídos, contudo, com uso autorizado pelas autoridades responsáveis, mas sem nenhuma influência dos fabricantes. Irra…!!!
Ah!! e para sobremesa, sugiro: bagaço-de-cana, bem esmagado ou picado.
E ainda há o jantar. Sugiro que comam mix de dólares, euros e reais!!
Bom apetite!!
Para finalizar, envio uma palavra muito especial aos meus queridos orientados, voluntários do ESF/NL Creio que nossas próximas hortas serão mais bonitas, melhores, com mais Tecnologias Socioambientais Sustentáveis da Agroecologia!! E mais crianças, mais sonhos, mais ideais.
Um beijo em cada mão operosa e abençoada. Um beijo em cada coração socioambiental, lembrando Paulo Freire:
“Eu quero ser lembrando como alguém que amou as pessoas os animais e toda biodiversidade”.

 

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