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III-África, não os perdoe, porque eles sabem o que fazem…(Terceira parte, em cópia)

Mas, voltando à exploração do Coltan, importante informar também, que, as minas encontram-se próximas, ou mesmo, dentro de parques nacionais. E a mineração do Coltan provoca impactos grandes e danosos ao meio-ambiente africano, uma vez que, não são tomadas as devidas medidas de proteção, conservação e mitigações ambientais. 

Tudo, graças à corrupção de autoridades locais, e a indisfarçável cegueira assumida, da comunidade internacional, hipócrita, interesseira e cruel. E, quanto aos aspectos: grandes e danosos impactos ao meio ambiente, medidas de proteção aos parques nacionais e corrupção de autoridades, haveria alguma semelhança com algum país da América do Sul??!! Mas, qual seria , hem…??!! 

Para entenderem a brutalidade deste conflito genocida, com seus massacres generalizados e toda a carnificina decorrente, que o mundo insiste em ignorar, até hoje (principalmente o hipócrita Conselho de Segurança). Sugiro, então, que assistam ao premiadíssimo (Oscar) filme “Hotel Rwanda“.

E exatamente nesta região, instalaríamos nossa primeira frente de trabalho participativo, com a proposta de paz, via produção de alimentos: “Um país só poderá ser forte, poderoso, independente e soberano, se e somente se, produzir o seu próprio alimento e não depender de outros para alimentar-se”. Prof. Gilmar Tavares. 

( Em tempo: Declaro para os devidos fins, que, estas matérias sobre a África são de minha inteira responsabilidade, e não refletem e/ou representam, necessariamente, a opinião de minha universidade, bem como, a opinião dos parceiros do projeto “Vozes da África”, que coordeno ).

Creio que, neste momento, a citação de alguns acontecimentos históricos facilitarão o entendimento deste e de outros conflitos africanos brutais, bem como, a importância do “Projeto Vozes da África”, e a sua proposta ousada e audaciosa de conquistar a paz, através da produção de alimentos.

Vamos nos lembrar de que, antes da chegada dos europeus, auto identificados de civilizados, a África nomeada por eles de selvagem, era um lugar feliz. Não havia fome, miséria, doenças, epidemias e flagelos provocados. Havia sim, escaramuças eventuais, entre tribos rivais, mas, não passava disso. 

As diferentes etnias viviam relativamente bem, em seus espaços geográficos seculares. Praticamente, não havia as guerras cruéis, com objetivos expansionistas totalitários. Aconteciam, sim, porém raramente, as migrações de etnias residentes, com invasões de territórios de tribos rivais entre si, mas que culminavam com a convivência pacífica entre as partes, principalmente entre pastores, agricultores e coletores. 

As tribos africanas seculares demarcavam os seus territórios de residência, com fronteiras imaginárias, de forma natural e suficiente a poderem sobreviver dentro destes espaços, em absoluta harmonia com a fauna e a flora. Não havia mistura de comunidades culturalmente distintas. Portanto, os conflitos eventuais eram minimizados e fortuitos. Foi assim durante séculos…!!! 

Tudo muito semelhante às três Américas, e a chegada dos conquistadores, também europeus, acompanhados de “piedosos” evangelizadores preocupados em “salvar” as almas dos ameríndios do fogo eterno, e que, na verdade, abriam caminho para o saque e a escravidão das populações aborígenes. Adeus paraíso pagão pecador…chegava o “inferno” das conversões impostas. Misericórdia…!!! 

Assim, foram as conjunções dos aspectos econômicos, religiosos e culturais, que impulsionaram o desejo pela posse dos territórios do novo mundo.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós”. Mat. 23×15. 

Na verdade, na África, havia um equilíbrio de subsistência entre o pastoreio, a agricultura, a coleta, e a natureza exuberante, em sua flora e fauna. Jamais registraram-se eventos humanos catastróficos naquele continente, antes da chegada dos gananciosos invasores europeus. Mas um dia eles chegaram, e que desgraça foi para a África!! Que desgraça…

A ocupação do continente africano aconteceu no século XIX, durante o processo de crescimento industrial, vivenciado pela Europa após a Segunda Revolução Industrial. Esse brutal processo imperialista é conhecido como “neocolonialismo“, porque transformaram a África em colônias exploratórias, sem o menor respeito para com as populações que lá viviam há séculos. Os europeus consideravam os africanos como animais de carga ou bestas selvagens. Nunca como seres humanos.

Foi então, implantado pela força das armas, um sistema de exploração econômica intensa, sem o menor respeito à dignidade humana local. Os africanos perderam o direito de posse das próprias terras e da auto determinação dos seus povos, ou seja, perderem a liberdade de simplesmente existir, mesmo nos lugares que sempre foram deles. 

Passaram a conhecer a dor da exploração e o sofrimento da servidão, imposta pela ilimitada ganância e sanguinária força bélica dos conquistadores estrangeiros. Pobre África, outrora livre, tão feliz!!! Agora, explorada, roubada, enganada, escravizada, martirizada…(Como é, até hoje!!) 

E o mais terrível, é que, a expansão europeia para o continente africano, no século XIX foi justificada para a opinião pública, como a necessidade de “civilizar” aquele territórioAssim, era necessário fazer com o que os africanos “atrasados”, segundo os moldes europeus, fossem “civilizados” pelos mesmos moldes.

Foi, também, o objetivo de “salvar as almas selvagens”, mascarado pela religiosidade, que abrigou a verdadeira intenção de conquista e domínio da África, pela Europa.

E quem pensa que o nazifacismo é recente, está muito enganado. Já no século XIX, existia a crença na superioridade de raças e de civilizações. Teorias como o Positivismo de Auguste Comte e o Darwinismo Social corroboravam esta ideia. E, ainda hoje, mesmo no Brasil, esta maldição domina a mente de muitas pessoas. 

Importante lembrar-se de que, países como Portugal já se encontravam no continente africano, desde o século XVI. Eles utilizavam a África como fornecedor de mão de obra escrava, num comércio lucrativo, em que participavam: Inglaterra, Espanha, França e Dinamarca. A partir daí, o Congo constituiu-se na maior reserva de escravos transportados para as Américas. Depois viria o neocolonialismo, para completar a desgraça imposta. 

Alguém teria a coragem de dizer que eles não sabiam o que estavam fazendo, uma vez que o comércio de escravos durou cerca de 300 anos??!! Oras bolas…
“Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los”. Mat 24×4.

A “Partilha da África” (Corrida à África, Disputa pela África) foi a ação imperialista expansionista deliberada, para acomodar a proliferação de reivindicações europeias, conflitantes no território africano, durante o período do neoimperialismo, entre a década de 1880, e a Primeira Guerra Mundial, em 1914. 

França, Grã-Bretanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Áustria-Hungria, Países Baixos, Dinamarca, Suécia, Noruega, Turquia e EUA assinaram a ata da “Conferência de Berlim em 1885“, que repartia os territórios africanos para cada país, independentemente da vontade dos residentes seculares, e esmagava com violência, qualquer resistência local. O inferno africano, que havia começado com a escravidão, era então, oficializado como legal, agora, em ata. Pasmem!! 

Os delinquentes, saqueadores, expansionistas e escravocratas, que redigiram aquela ata diabólica denominaram-na de “O Futuro da África“. Pergunto novamente: –Alguém teria a coragem de dizer que eles não sabiam o que estavam fazendo??!! Oras bolas… 

Além da roubalheira institucionalizada, a partilha do continente africano pelos europeus, de maneira desordenada, desconsiderando-se as diferenças étnicas das populações locais, com a imposição de mistura ou segregação de comunidades culturalmente distintas, em uma mesma delimitação territorial, fez surgir os tormentosos conflitos no continente africano, que ocorrem até os dias atuais. 

É exatamente o caso do significativo conflito tutsis/hutus na Ruanda e adjacências. Os tutsis são originários da Etiópia e migraram para a região dos grandes lagos, há muito tempo. Lá se estabeleceram como pastores, e conviveram com os agricultores hutus e com os coletores twa, por muito tempo.

Segundo consegui apurar, durante este tempo de convivência pacífica, houve uma grande miscigenação tutsis/hutus, a ponto de eles não poderem ser propriamente chamados de grupos étnicos distintos. Mas, para dominar,  os europeus conseguiram transformá-los em inimigos mortais.  

Continuaremos na próxima semana. Não percam. 

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