AlimentaçãoLavrasNotíciasSaúde

UFLA – Educação alimentar e nutricional

Projeto visa a conscientização de jovens sobre alimentação saudável

O cotidiano de muitos jovens é determinado pela falta de tempo, fácil acesso a produtos industrializados como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes e macarrão “instantâneo”, além do distanciamento dos familiares na rotina alimentar.  Somada a esses fatores, há uma carência não só nutricional, como também informativa e educativa. Com o objetivo de despertar a consciência crítica sobre as práticas alimentares na juventude, o projeto “Comer pra quê?” observa os desafios que os jovens encontram para se alimentar de forma adequada e sustentável, e busca respostas que condizem com o mundo conectado em que vivem.

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) passou a integrar o projeto e assumiu a coordenação geral, com a participação da professora da Faculdade de Ciências da Saúde(FCS) Carolina Chagas, ao fim de 2019, por meio de um acordo de cooperação institucional. A docente explica que essa nova proposta é desenvolvida por meio da colaboração financeira e parceria com o Ministério da Cidadania. “O curso de Nutrição da UFLA já possui diversos projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados à promoção da alimentação adequada e saudável e à segurança alimentar e nutricional com diferentes públicos. Daí a viabilidade dessa parceria institucional”.

O projeto “Comer pra quê?”, Educação Alimentar e Nutricional com juventudes: mobilização, redes e cooperação institucional foi lançado em 2017 pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDSA), em parceria com universidades federais (do Rio de Janeiro [UFRJ] e do Estado do Rio de Janeiro [Unirio]) e estadual (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – Uerj). Desenvolver estratégias educativas e de mobilização sobre alimentação adequada e sustentável para ‘as juventudes’ é a essência do projeto.

Por meio da metodologia ativa, o projeto busca promover diálogos e rodas de conversa que abordam temas mobilizadores sobre a alimentação da população entre 15 e 29 anos. “O movimento busca envolver jovens de diversas origens, sotaques e realidades, vinculando informações que despertem o interesse em torno das questões que abordam a alimentação contemporânea; promovendo debates relacionados à alimentação oferecida por instituições, entidades e organizações que atuam diretamente com ‘as juventudes’, no intuito de  incluí-los como protagonistas dessas ações”, explica a professora.

O direcionamento de ações para o público jovem se justifica em função de estudos epidemiológicos que apontam alta prevalência, nesse público, de práticas alimentares não saudáveis e aumento do excesso de peso e da obesidade; o interesse dos jovens por questões relacionadas à alimentação saudável e à sustentabilidade social, ambiental e econômica e, ainda, o perfil de definição da juventude atual, que é pautada nos elementos da “consciência, responsabilidade e compromisso”.

De acordo com Carolina, “é preciso escutar atenciosamente os jovens para, a partir daí, desenvolver estratégias que sejam significativas e que promovam mobilização em prol de uma alimentação adequada. Não queremos oferecer respostas prontas, mas sim provocar a reflexão, apresentando as diversas opiniões, buscando sempre mostrar a compreensão que cada um tem sobre a alimentação no seu cotidiano”.

Desigualdades socioeconômicas e a sustentabilidade no sistema alimentar são alguns exemplos de questões que permeiam os debates desenvolvidos pelo movimento do projeto. “Temas mobilizadores fundamentaram a produção dos materiais educativos, que abordam a importância da alimentação, observando sempre as práticas alimentares vivenciadas pelas juventudes”, relata Carolina.

A professora ressalta ainda que “é importante lembrar que a ideia principal do movimento “Comer pra quê?” é despertar a consciência crítica da juventude, lembrando que grande parte de suas práticas alimentares é fruto de ações que são políticas”. Motivo esse pelo qual o projeto se identifica, discute e se mobiliza pela frase Comer é um ato político.

Promoção da alimentação adequada e sustentável para a juventude brasileira

Dedicar tempo para cada refeição, aprender como a prática culinária permite transformar os alimentos, trazer a reflexão sobre de onde vem a nossa comida, são temas que já foram trabalhados com aproximadamente 400 jovens brasileiros. Carolina aborda que é necessário “resgatar a importância e centralidade da alimentação na vida da juventude, incluindo-a como parte da sociedade, ampliando a discussão para além das questões biológicas e nutricionais dos alimentos”.

No Brasil 55,7% da população adulta está com excesso de peso e 19,8% está obesa, de acordo com o Ministério da Saúde. “Discutir sobre as formas, facilidades e dificuldades do ato de alimentar-se faz parte do caminho para a compreensão do problema, mesmo que a alimentação seja o único e/ou principal fator explicativo do excesso de peso. Por esse motivo, queremos escutar ‘as juventudes’, para assim entender o que pensam e fazem em relação à alimentação. O movimento veio para provocar a reflexão sobre os diversos componentes que envolvem o ato de comer, e assim fazer emergir respostas para o questionamento: ‘Comer… pra quê?’”, disse Carolina.

Projeto em desenvolvimento durante a pandemia

O distanciamento social imposto pela pandemia causada pelo novo coronavírus não foi empecilho para a continuidade das ações do movimento. A professora Carolina explica que ao perceber que os encontros presenciais não seriam possíveis, a equipe buscou usar as redes sociais para dar continuidade à interação com os jovens.

Foram promovidas lives que abordaram os temas já tratados pelo movimento, porém contextualizados nos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Temas como “Convivência na alimentação e a conveniência das comidas rápidas – Como você está se alimentando nesse momento de pandemia?” foram transmitidos on-line, trazendo o desafio de cozinhar e comer junto ou sozinho na atualidade.

A preocupação com os pequenos produtores de alimentos, assim como com os meios para comercializar alimentos oriundos da agricultura familiar, motivou a abordagem nas lives sobre o sistema alimentar. “Esse espaço de diálogo reafirmou o protagonismo juvenil na temática da alimentação e culminou no desenvolvimento de ações ajustadas aos interesses e às formas de comunicação das juventudes e como devem ser as ações de promoção da alimentação saudável para este público”, concluiu a professora.

Todo trabalho já desenvolvido pode ser conferido nas redes sociais do projeto:

Site: issuu.com/comerpraque.juventude

Youtube: undefined

Facebook: /comerpraque.juventude

Instagram: @comer.pra.que

Twitter: @comerpraque

Texto original escrito por Carolne Batista: confira na edição 5 da Revista Ciência em Prosa, páginas 42 a 45.

Edição do vídeo: Vinícius Moraes.

Artigos relacionados

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.
Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios