O governo de São Paulo divulgou nesta quinta-feira (7), após sucessivos adiamentos, a taxa de eficácia da Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e que será fabricada também no Brasil pelo Instituto Butantan.
O governo paulista afirmou nesta quinta-feira (7) que a taxa de eficácia da vacina foi de 78% para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial. Para casos graves e moderados, de 100% –ou seja, entre as pessoas vacinadas, nenhuma desenvolveu caso grave da doença.
Outros países divulgaram uma taxa maior de eficácia do mesmo imunizante, como a Turquia, de 91,25%. Segundo especialistas, essa discrepância é normal e reflete o grupo no qual a vacina foi testada –no Brasil, em 12,4 mil profissionais de saúde, expostos a uma alta carga viral.
Outras vacinas apresentaram eficácia superior. Isso significa que a Coronavac é ruim?
Não. Nenhuma vacina tem 100% de eficácia, ou seja, isso não significa que quem tomar está imunizado – é por isso que uma parcela expressiva da população precisa ser vacinada, para impedir o vírus de chegar naqueles que foram vacinados mas não desenvolveram imunidade. Em geral, 78% de eficácia é considerado por especialistas em epidemias e em imunização uma excelente taxa, segundo médicos e cientistas ouvidos pela reportagem.
As vacinas da Pfizer (eficácia de 95%) e da Moderna (94%) demandam um processo de logística mais complexo, com ultracongeladores, uma vez que elas precisam ser armazenadas em temperaturas extremamente baixas, e são importadas.
Já a Coronavac será fabricada no Brasil, pelo Instituto Butantan, e pode ser armazenada em uma geladeira comum, o que facilita sua distribuição pelo país.
Quantas doses são necessárias e quantas já estão disponíveis?
O Instituto Butantan tem hoje em mãos 10,8 milhões de doses, segundo o diretor da instituição, o que seria suficiente para imunizar 5,4 milhões de pessoas, uma vez que os estudos clínicos foram feitos com duas doses por pessoa.
O plano inicialmente era aplicá-las com intervalo de duas semanas. Diante da escassez da vacina, no entanto, o governo discute ampliar ao máximo a aplicação da primeira dose, postergando a segunda injeção.
Isso ocorreu em outros países, como o Reino Unido, numa tentativa de garantir mais pessoas com a primeira aplicação, mas é condenado por especialistas, que dizem, sobre o caso brasileiro, que a imunização deve ser feita na população conforme ocorreu nos estudos clínicos.
Quando começa a vacinação?
O calendário de vacinação proposto pelo governo João Doria prevê começar a imunização em São Paulo em 25 de janeiro, data de aniversário da capital paulista, começando por profissionais de saúde, indígenas e quilombolas.
Isso pode sofrer alteração, no entanto, porque nesta quinta o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo federal comprará 100 milhões de doses do Instituto Butantan e que “toda a produção do Butantan, todas as vacinas serão a partir desse momento incorporadas ao Plano Nacional de Imunização, distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados.”